Casa de Gaio
Um Projeto de Cuidado Integral do Missionário
Gaio era um cristão original de Éfeso, mencionado na terceira epístola de João, marcado pelo amor
evidente para com os irmãos. O texto apresenta, entre os versos 4 e 8 o seguinte:
“Não tenho maior alegria do que esta, a de ouvir que os meus filhos vivem de acordo com a verdade. Amado, você tem sido fiel no que faz pelos irmãos, mesmo quando são estrangeiros. Estes deram testemunho, diante da igreja, do amor que você tem. Você fará bem encaminhando-os em sua jornada de um modo que agrada a Deus. Pois foi por causa do Nome que eles saíram, sem receber nada dos gentios. Portanto, devemos acolher esses irmãos, para que nos tornemos cooperadores com eles na proclamação da verdade”.
Entendendo o princípio bíblico do cuidado e da hospitalidade, apresentamos o projeto de cuidado integral do missionário “A Casa de Gaio”, um lugar – físico e conceitual – onde receberemos, de modo digno de Deus, missionários, seu cansaço, seu pedido de socorro, suas necessidades de escuta, carinho e família.
Todo obreiro precisa de um Gaio na jornada cristã. Tem dias, que são mais difíceis que outros. Tem dias que precisamos de um lugar para parar e tirar as sandálias. Tem dias que precisamos ser Maria e não Marta. Tem dias que precisam ser sábado.
Queremos servir assim a Verdade, sendo Gaio na vida de um missionário.
DESAFIO MISSIOLÓGICO
O ministério de Cuidado Integral do Missionário (CIM) é um movimento que busca olhar o missionário além de seu potencial de trabalho ministerial, mas como um ser humano como um todo, de forma intencional. Ele surge oficialmente há pouco mais de 20 anos em Foz do Iguaçu por meio da primeira consulta formal com o apoio da Associação Missionária Transcultural Brasileira (AMTB) e da Associação Professores de Missões do Brasil (APMB).
Documentos importantes foram produzidos nessa e nas consultas seguintes, como o clássico livro
“Precioso demais para que se perca”, bem como um movimento que uniu pastores, psicólogos,
diretores de organizações missionárias, igrejas e, enfim, a formação de organizações dedicadas ao CIM.
A própria AMTB formalizou este departamento, a partir deste primeiro encontro.
Apenas 1,3% dos missionários brasileiros envolvidos com ministérios transculturais estão dedicando seu trabalho às causas ligadas ao CIM. Isso diz muito sobre a grande relevância e importancia de aumentarmos as iniciativas dessa natureza, unir os ministérios existentes, criar estruturas dedicadas à servir os que servem e mobilizar igrejas que intencionalmente se comprometam com uma mudança nesse cenário.
O CIM deve ser algo presente na vida da igreja e agencia enviadora, dentro dos parâmetros da realidade e reponsabilidade. Jamais poderemos anular a natureza escatológica do sofrimento missionário. Isso ocorrerá naturalmente, na vida daqueles que se dispuzeram a seguir a Cristo, e em particular, nos que atravessam fronteiras. Contudo, o sofrimento de um irmão em missões também não pode virar uma arena de entretenimento a cristãos insensíveis. E há sofrimentos que são mais fruto do envio
irresponsável do que do chamado do Supremo Pastor.
Como poderemos mudar o cenário atual e enviar, “de modo digno de Deus” (3 João 1:6-7) os nossos missionários ao campo?
DIAGNÓSTICO GERAL
Os ministérios de CIM sempre sofreram resistencia, de certa forma, pela ideia comum de que o missionário é um “sofredor” por excelência. E seu sofrimento é uma condição para o ministério. E nisso percebemos um erro de duas faces, uma igreja que acha que o sofrimento, como um fim em si mesmo é algo desejável e, do outro lado, o missionário que sob certo sentido se “beneficia” da imagem de “herói messianico”, que merece uma certa ‘premiação’ por isso.
As organizações missionárias (agências), diante dessa resistência cultural do meio evangélico, foram identificadas como o meio menos resistente, por seus membros em sua maioria serem missionários, onde os primeiros projetos começaram a ser implantados. As igrejas, ficaram a margem do processo.
É preciso, ainda, a reflexão do que seja CIM. É uma programação? Um departamento? É um protocolo? Reconhecemos tremendos avanços, mas nos pareceu que CIM ainda é uma visão em formação no Brasil, mesmo dentro de organizações onde ele é bem visto.
Missionários ainda estão em conflito entre abrir mão da imagem mística que permitiram que se construísse em torno da figura do missionário e deixarem-se sem cuidados. Assumir-se necessitado de cuidados é abrir mão de um histórico de “heroísmo” que sempre se tentou preservar.
Há pouquíssimas estruturas de cuidado no Brasil, em termos de: centros de saúde, aconselhamento, descanso, terapia, cuidado médico, etc.
Filhos de Missionários tem tantas questões que demandam cuidado como os próprios pais. Apenas há pouquíssimos anos atrás algumas atividades tem se dedicado a eles.
A rede de mobilização de Igrejas quanto ao cuidado também é mínima. As atividades ainda se restringem, quase sempre, ainda às organizações missionárias.
Uma Proposta de Cuidado
Cuidar de Missionários é estar na Missão de Deus, assim como compartilhar o Evangelho. É viabilizar o prosseguimento da missão por meio do amor. Deus não nos chama tão somente para pregar o Evangelho, mas para glorificar a Deus.
E glorificar a Deus é manifestar suas virtudes, seus valores e seus princípios. Enviar de modo que reflitamos quem ele é (João 20:21). Deus envia como Pai, e não como um patrão pragmático e insensível. Enviar sem tratar o missionário de forma coerente com a natureza divina é contradizer a própria autenticidade do Evangelho.
Então, temos no CIM uma proposta, antes de tudo, de cuidado para com o Evangelho e, como consequência, de cuidado com o portador do Evangelho e com aqueles que atuam no serviço cristão de modo geral.
O primeiro passo, portanto, é estabelecer bases mínimas do que estamos chamando de CIM. Em nossa proposta, definiremos assim:
CIM é um programa de suporte ao missionário e aos ministérios em ambiente prioritariamente de média e alta complexidade intercultural, que abrange atenção, observação, intervenção e suporte nos aspectos de saúde: espiritual, emocional, física e financeira do missionário e de sua família como um todo a fim de que não somente tenhamos obreiros indo ao campo, mas que permaneçam nele com saúde integral e bom desempenho e tenham o devido apoio em situações de férias, retorno por contingências ou retorno permanente por conclusão de projeto.
Casa de Gaio
Visão
Ver obreiros à imagem de Cristo servindo ao Senhor com alegria, mesmo em meio aos cenários mais complexos na Missão.
Missão
Servir missionários em esferas de CI nas esferas de conscientização de igrejas e organizações, prevenção por meio de ensino e intervenções por meio de acolhimento, descanso, escuta ativa, pastoreio e suporte de profissionais de saúde mental.